A) "Como há muitos Severinos, / que é santo de romaria, /...

A) "Como há muitos Severinos, / que é santo de romaria, / deram então de me chamar / Severino de Maria;". Nesse trecho do Texto 7, o conjunto dos dois primei...

UPENET/IAUPE - Português - 2021 - Vestibular - 3º Fase - 1º Dia

Texto 7

— O meu nome é Severino,
como não tenho outro de pia.
Como há muitos Severinos,
que é santo de romaria,
deram então de me chamar
Severino de Maria;
como há muitos Severinos
com mães chamadas Maria,
fiquei sendo o da Maria
do finado Zacarias.
[...]
Somos muitos Severinos
iguais em tudo na vida:
na mesma cabeça grande
que a custo é que se equilibra,
no mesmo ventre crescido
sobre as mesmas pernas finas
e iguais também porque o sangue,
que usamos tem pouca tinta.
[...]
Somos muitos Severinos
iguais em tudo e na sina:
a de abrandar estas pedras
suando-se muito em cima,
a de tentar despertar terra sempre mais extinta,
[...]

MELO NETO, João Cabral de. Morte e Vida Severina. Excertos. Disponível em: https://www.passeiweb.com/estudos/livros/morte_e_vida_severina/ Acesso em: 30/07/2020. 



Texto 9

A COMPADECIDA – João foi um pobre como nós, meu filho. Teve de suportar as maiores dificuldades, numa terra seca e pobre como a nossa. Não o condene, deixe João ir para o purgatório.

JOÃO GRILO – Para o purgatório? Não, não faça isso assim não. [Chamando a Compadecida à parte]. Não repare eu dizer isso, mas é que o diabo é muito negociante e com esse povo a gente pede o mais para impressionar. A senhora pede o céu, porque aí o acordo fica mais fácil a respeito do purgatório. 

A COMPADECIDA – Isso dá certo lá no sertão, João! Aqui se passa tudo de outro jeito! Que é isso? Não confia mais na sua advogada?

JOÃO GRILO – Confio, Nossa Senhora, mas esse camarada enrolando nós dois.

A COMPADECIDA – Deixe comigo. [a Manuel]. Peço-lhe então, muito simplesmente, que não condene João.

SUASSUNA, Ariano. Auto da Compadecida. Rio de Janeiro, Agir, 2005. Excertos. Disponível em: https://vermelho.org.br/2014/07/25/auto-dacompadecida/ Acesso em: 09/08/2020. 


A literatura e a fotografia podem ser compreendidas como instrumentos de denúncia social. Na literatura, as obras Morte e Vida Severina e Auto da Compadecida destacam-se na representação de personagens que revelam seus conflitos no enfrentamento de questões sociais, como: fome, pobreza, desemprego e violência. Na fotografia, Sebastião Salgado imprime maior dramaticidade à cena, ao empregar o preto e o branco. Considerando a leitura dos Textos 7, 8, 9 e 10, as características estilísticas e o contexto de produção das obras de João Cabral de Melo Neto e de Ariano Suassuna, assinale a alternativa CORRETA.

A) A obra Morte e Vida Severina revela a trajetória de Severino, personagem que representa simbolicamente a condição social de muitos nordestinos: "Somos muitos Severinos/iguais em tudo na vida".

B) A obra Auto da Compadecida (Texto 9) foi adaptada para o cinema brasileiro (Texto 10) com significativas alterações para a linguagem fílmica. A narrativa apresentada no filme explora intensamente a comédia e não revela sintonia com o enredo do texto dramático de Ariano Suassuna.

C) No Texto 9, cena da obra original do Auto da Compadecida, a Compadecida intercede por João Grilo, justificando os erros dele como decorrentes da sua precária condição social. Essa cena não foi apresentada na adaptação do Auto para o cinema, considerando o filme dirigido por Guel Arraes.

D) Exemplos da prosa regionalista de 1930, os Textos 7 e 9 dialogam na denúncia social quando apresentam Severino e João Grilo como estereótipos do nordestino brasileiro. Tais personagens têm em comum a astúcia, a preguiça e a falta de fé.

E) O Texto 7 estabelece conexões com o Texto 8 na representação romântica da vida Severina, considerando a imagem dos pés de "pobres trabalhadores da terra". Literatura e fotografia unemse na denúncia social por meio de linguagens não verbais.

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